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A Simplicidade de um Gesto

Elisabete Magalhães

Pretendo através do gesto, percecionar uma maneira de sentir e estar, evidenciar uma vez mais o silêncio como forma de comunicação e que os gestos sejam denunciadores de um corpo.

Se os corpos humanos quando dissecados anatomicamente parecem comportar mais semelhanças que diferenças, o mesmo não pode ser dito de corpos vivos, de pessoas nas suas relações de prazer, de trabalho, de sofrimento, de amor, enfim, das suas relações de vida.

No diálogo: A Alma e a Dança de Paul Valéry, Fedro um dos discípulos de Sócrates diz no Banquete: “o amor é dos deuses, o mais antigo, o mais honrado e o mais poderoso para a aquisição da virtude e da felicidade entre a humanidade“. Poderá um simples gesto desencadear uma grande ação? É significativo que os gestos dos intérpretes sejam definidos por meio da procura e da incessante reconquista de impulsos espontâneos que provêm do seu corpo, como os modos que exprimem pontualmente o ser. E com isto fundar a liberdade e portanto a responsabilidade do sujeito.

Parafraseando Giorgio Agamben, o carácter do gesto como sendo o meio e não o fim, traz uma forma de abordar a ação do corpo como um elemento que rompe dentro da sua subtileza as construções fechadas e passa a constituir uma ação que se estabelece de forma aberta e fluida.

Para além de pensantes, somos também seres que agem no mundo, que se relacionam com outros seres humanos, animais, plantas, coisas, fatos e acontecimentos e exprimimos estas relações tanto por meio da linguagem quanto por meio de gestos e ações.

Dezembro 2024