Com uma nova identidade visual, mas mantendo-se fiel aos seus territórios essenciais – a memória, o arquivo e a etnografia –, o festival afirma-se mais uma vez como espaço privilegiado para a exploração de formas alternativas da criação cinematográfica, promovendo o diálogo entre o cinema e outras artes e campos do pensamento.
O foco principal desta edição é dedicado à obra do cineasta americano Jay Rosenblatt, figura incontornável do cinema experimental e de arquivo contemporâneo, duas vezes nomeado ao Óscar e autor de mais de trinta filmes ao longo de três décadas de carreira. A sua filmografia, profundamente enraizada na introspeção emocional e na exploração da dimensão psicológica, combina uma linguagem estética singular com um olhar agudo sobre o íntimo e o universal. O festival apresenta uma seleção de dezassete curtas-metragens do autor, realizadas entre 1990 e 2025, oferecendo um amplo panorama da sua obra. O foco inclui ainda uma sessão de conversa entre Jay Rosenblatt e a investigadora Jaimie Baron, uma das principais pensadoras contemporâneas sobre os temas do arquivo e da memória no cinema.
A secção competitiva mantém a sua estrutura habitual, organizada em duas grandes zonas temáticas: “Vidas e Lugares”, dedicada à abordagem estética de quotidianos, habitats e biografias, e “Memória e Arquivo”, centrada na temporalidade e na apropriação poética de testemunhos, imagens de arquivo e found footage. À semelhança de anos anteriores, há também espaço reservado à ficção, ampliando o leque estético e narrativo do festival. Foram selecionados vinte e dois filmes em competição, provenientes de dezoito nacionalidades, que serão exibidos ao longo de nove sessões distintas.