VOOUM
Ir. Trajectos (no feminino). Partir. Voo um. Chegar (no masculino). Ir de novo. Transportar: levar consigo. Alucinante. Ponto de encontro/desencontro. Obstáculos/Imprevistos. Voo 2... voos... Voo 3. Transformação. Onda... do retorno.
Episódios que se sucedem ou se entrecruzam num trabalho que teve como tema de fundo a viagem. A coreografia, a música, os dispositivos cénicos agem no sentido de nos indicar a viagem, porventura envolver-nos nela, mas não de nos falar de uma viagem. Em palco são criadas situações que encontram inspiração na paisagem em mudança que é o humano em deslocação. Uma paisagem recriada entre desvios, desarticulações, trajectórias organizadas ou errâncias. Em aceleração e desacelaração, em caminhadas e paragens. Na uniformização ou na diversificação. Mas subjacente todo este lado digamos, mais formalizável está o lado inquietante das projecções, desejos ou nostalgias que nos fazem viajar. Por isso, o voo, na sua larga acepção, surge como o passo possível de chegar a um outro lado. Não necessariamente, o passo de uma dança com asas, mas de uma dança realizada por pré-figuras, sem psicologias definidas e que vão cumprindo as suas faculdades, são inconsequentes, são o que eu lhes chamo de movimentantes. Reflectem um lado da condição humana e repetem-se em todos os meus trabalhos. São ficções.
“Partir. Sortir. Se laisser un jour séduire. Devenir plusieurs, braver l’extérieur, bifurquer ailleurs” (Michel Serres).
Né Barros