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SCREEN 24 FRACTURAS EXPOSTAS

No soneto “Correspondências” de Baudelaire – magnífico manifesto e contra-manifesto da arte simbolista – o poeta propõe um novo desenho de floresta onde, perdido e achado como num conto de fadas, o homem colhe os ecos com os quais constrói a linguagem e as máquinas. Cabe-nos interrogar os ecos: serão eles reflexo da tal “tenebrosa e profunda unidade” ou, pelo contrário, ressonância das grandes brechas, projecções de um primitivo desajuste a que só o gesto pode restituir continuidade, talvez harmonia. E porque as máquinas nos falam sempre dos pressupostos da linguagem, pretendemos com este “gesto” afirmar ao mesmo tempo a floresta e o caminho, a implosão e a expansão de todos os signos. (Regina Guimarães)