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OS VESTIDOS QUE EU LHE EMPRESTEI JÁ NÃO SÃO MEUS


Um homem de vestido branco, como num altar, calça os sapatos que uma mulher lhe lançou e que agora vai despindo camadas de vestidos. Assim, se dá início a uma dança infernal onde se abraça, se esfregam no corpo cabeças dos outros, se rasgam vestidos, se vestem e se despem, onde rolam manequins e um sofá, onde os pares são instantâneos, colam-se às paredes, exibem os corpos, são exibicionistas (mostram o sexo), mulheres que perseguem, insinuam e contorcem; a um ritmo quase sempre sôfrego. pele portátil, que ilustra e que esconde... Uma das acções recorrentes em alguns trabalhos de Isabel Barros é o vestir e o despir que no seu jogo transforma as vestes numa espécie de pele portátil que ilustra e esconde. Para além disto, a coreógrafa ao jogar com a desconstrução (não oposição) de funcionalidade e não-funcionalidade das próprias vestes, cria uma dinâmica instável de perda e ganho de sentido do próprio acto (vestir/despir).