Nº5
Concebida inicialmente para um programa de música – dança, organizado pelo Centro Cultural de Belém, esta peça é o resultado da minha junção ao compositor Sérgio Azevedo. Além da parte formal do resultado (que de alguma maneira eu incorporei), o discurso musical utiliza fortemente uma visão narrativa/cinemática. É por isso que durante o processo foi pedido aos dançarinos que traduzissem em palavras e movimentos os sons e as músicas de um filme escolhido. Eles aperceberam-se que a maior parte da memória auditiva foi esquecida e tinham tendência para compensar essa perda com gestos desenhados, rítmicos, burlescos. Esta peça resultou em algo ficcional, circense, animado, evoluindo de uma peça absurda para uma história compreensível onde os bailarinos, a todo o momento, sabiam onde representar. Em certo sentido estas “figuras”, quasi-persona, são a face muda dessa música e a face ruidosa do gesto gag. (Né Barros)