Logo

MILLION

Terra. Ocupação. Dentro e fora, migrações. Regressar e refazer. Estas são algumas palavras chave que podem caraterizar estas obra coreográfica que inicialmente foi criada para a companhia de dança lituana Aura e que agora é reconstruída com bailarinos portugueses. 4 million era o título original da peça e foi presentada no contexto da Kaunas Biennial TEXTILE 11, com cenografia da artista plástica Patricija Gilyte. Numa referência ao problema da taxa de população lituana, a peça funcionava como um poema de intensificação da terra e como movimentos que pudessem evocar milhões de sensações. Para isso, explorei a sensual e volumétrica plasticidade das espumas propostas pela Patricija. Numa lógica de coreografia expandida, durante a performance os materiais em cena são duplamente (aquela terra especial) uma extensão de bailarinos, fazem parte dos seus corpos, e são corpos per si, fazem-se viver em abstração dos corpos humanos que lhes deram movimento, não são meros objetos. Os bailarinos são artesãos dessa terra ou simplesmente aqueles que andam sobre ela, às vezes eles são fragilidade naquela superfície, outras vezes eles são motores d deslocação dessa superfície (aqui evoquei os ballets neo-concretos de Lygia Pape que tenho tido a oportunidade de reconstruir). 
Million funciona igualmente como evento performativo e como espetáculo teatral e a sua espacialidade e temporalidade resulta de misto efémero de deslocações, ocupações e transformações territoriais. Estas são as condições para um lugar renovado e para criar simplesmente um lugar. 

Né Barros