Logo

LASTRO

Sob um céu estranho os corpos vão ocupando um lugar e gerando a sua rotina e as suas ligações. Os movimentos dos corpos juntamente com o dispositivo cénico, criam o lugar teatral, um lugar subjetivo, em mudança, um lugar que é feito de memória. É essa memória que se persiste depois da catástrofe, as coisas mudaram e ficou apenas uma memória alastrada. Neste lugar, os corpos realizam dois ciclos em quase repetição, repetem para resistir ao final que se imagina e para que algo perdure. O apagamento final é o alastrar de uma catástrofe é sob este estado que este lugar teatral é zona de perigo e espaço de abandono. Simultaneamente previsível e imprevisível, o lastro é também o peso que afunda  os corpos e, neste caso, que os assombra. O céu pode cair e seria a ultima coisa que poderíamos prever. Como num sem-saída, não se progride, a coreografia é uma marcha num continuum infinito, não levará a lado algum.

Né Barros