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HAMLET MACHINE


A Máquina Hamlet [de Heiner Muller] é um mecanismo que começa por olhar para a história servindo-se de óculos alheios, para lançar sobre a nossa época um olhar pessoal e crítico, utilizando uma estratégia essencialmente regressiva. Hamlet olha para o mar e é a possibilidade de diálogo e a própria linguagem que anunciam a sua regressão; Hamlet regride desde o plano de acção política, passando pela perda da identidade, até um estado próximo da dissolução física: ‘Retiro-me para as minhas entranhas’. O mesmo parece acontecer a Ofélia. Ela, cujo coração viu as lágrimas de Hamlet, não mais poderá ser o pólo que falta a uma união impossível. Através de Ofélia é a matriz da nossa identidade que é destruída: ‘Destruo o campo de batalha que foi o meu lar’. (João Carneiro)