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EXO

A poesia de Nava em particular A Carne acompanhou as minhas reflexões nos ensaios de exo. Em exo a ideia de um corpo do avesso ligava-se com o desfigurar, esfolar (ideia figurada pelos figurinos), ou ainda noutro sentido menos imediato, com um campo hipersensível (a luz era uma projecção indefinida pulsante, o movimento também tinha por vezes esta qualidade), um fluxo (contínuo-interrompido), dísparos, projecções. Uma indicação de sentido: para fora. Assim, a peça foi construída como um anti-climax, do grupo ao solo, mas como se toda a parte de conjunto tivesse um aparato caótico, intenso, cuja finalidade seria chegar à forma singular (...). Ao longo do trabalho (...) a condição plástica que se vai gerando instala o ambiente: desamparo, descarnado, deserotizado. Noto que anti-climax ou o termo deserotizado parecem contrários à poesia de Nava. Mas para mim é como se a intensidade erótica do poema estivesse no movimento das palavras (a escolha e no modo como se organizam), não na “figura” que produzem, uma figura inquietante. (excertos de uma entrevista para José Pedro)