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ELÉCTRICA


Em cena um triângulo vai sendo definido por: Homem-Mulher de costas/ Mulher-Homem em acção/ Vestido de noiva pendurado. O Homem veste um vestido de mulher semi-aberto nas costas, a mulher inicia em lingerie e termina com uma casaca e luvas de boxe, passando entretanto pelo vestido de noiva, e na outra ponta do triângulo, paralelo ao Homem, está um vestido de noiva suspenso. Cria-se deste modo, uma trama paralela de motivações: a ambivalência de papéis na sexualidade e o peso da própria memória. O peso da memória é-nos sugerido quer por uma projecção vídeo da mulher nos seus movimentos no vestido suspenso, quer pelas roupas que os intérpretes usam - as roupas não são uma qualquer pele, são objectos de luta (boxe) ou classificados (casamento). Em Eléctrica, é como se nos fosse fornecida uma harmonia de circunstância, ou fatalidade, que vai lançando sinais de algo mais visceral. A mulher realiza sequências simples e geométricas em contraste com o som do seu respirar. Uma mulher numa acção sem-sentido em contraste com uma figura masculina-feminina que vai sonorizando estados: canta, sussurra, grita, estiliza - sempre de costas. (Né Barros)