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LÀ OÙ JE DORS


Lá onde durmo prendo-me e prendo o mundo. Lá esta a minha pessoa, impedida de errar, não mais instável, dividida e desatenta, mas concentrada na estreiteza desse lugar onde o mundo se acolhe, que eu confirmo e que me confirma, lugar onde ele está presente em mim e eu ausente nele, numa união extasiada.
Maurice Blanchot in “L’Espace Littéraire

Para Isabel Barros, a matéria de Là où je dors (Lá onde durmo) são os sonhos e foi no texto de Maurice Blanchot “L’ Espace Littéraire”, sobretudo no terceiro capítulo o sono, a noite, onde encontrou nas palavras fortes sugestões.
O sono transforma a noite em possibilidade, em possibilidade de sonho. E é o sonho, como um chamamento irresistível, misterioso e perigoso, que a coreógrafa escolhe para criar o espaço das imagens inconscientes; o espaço das personagens de um teatro interior e íntimo, alusivo, repetitivo, persistente e sem fim... . O sonho que nos transforma no outro, noutro... que é semelhante a outro e a outro... Diz Blanchot: Procuramos o modelo originário, queríamos ser reenviados a um ponto de partida, a uma revelação inicial, mas que não há: o sonho é o semelhante reenviado eternamente ao semelhante.